Deputada resiste contra privatização de aeroportos
Deputada preside frente defesa de Infraero, tem apoio de aeroportuários e tenta evitar que os aeródromos mais superavitários sejam desestatizados.
Perpétua combate programa que tenta privatizar justamente os 12 aeródromos mais rentáveis do país
Causa constrangimento público e político o Programa Nacional de Desestatização (PND), que acelera a privatização dos 12 aeroportos mais rentáveis do país. A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira, durante audiência pública, pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Aeroportos e da Infraero e que encampa uma pressão por incentivos à aviação regional. O temor de que trabalhadores sejam demitidos inquieta ainda mais o movimento sindical.
O encontro, requerido pela deputada acreana, rendeu críticas à falta de transparência com que o assunto é tratado pelo Ministério da Defesa e pela Anac, que apóiam a transferência da autarquia ao capital privado e eventualmente ao poderio econômico internacional.
Representantes do governo, emissários do Ministério da Defesa e da Anac, não convenceram a platéia quando preferiram usar o termo "cessão", ao invés de "privatização", na tentativa de justificar o adiantado processo desestatização.
"Se é verdade que nós já estamos superando a fase da crise internacional, por que então privatizar uma empresa tão promissora?", questionou a deputada. Ela lembra que o Plano Nacional de Aviação Civil, promulgado em abril deste ano, é taxativo ao afirmar: "o sistema aeroportuário é de importância econômica e política para o país".
Atendendo a sugestões da deputada, a comissão convocará o ministro Nelson Jobim e a presidente da Anac, Solange Vieira, a explicarem "por que o governo aceita entregar a Infraero, inclusive ao capital internacional, sendo que a empresa é apontada como a segunda mais superavitária do mundo?".
De fato, a Infraero obteve 76% de conformidade, de acordo com avaliação internacional, e no quesito receita só perde para a estatal americana.
O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) lembrou, na audiência, o paradoxo entre a gestão do Ministério da Defesa e a máxima "é Lula de novo, para que não privatizem o que é do povo", vitoriosa na campanha do presidente à reeleição. Perpétua Almeida, no entanto, é otimista quanto ao parecer do presidente da República, a quem caberá a palavra final, muito embora o PND, que também é alimentado pela Casa Civil, seja considerado por muitos como irreversível, apesar de medonho.
"A categoria está pronta para colaborar com o debate", disse Celso André Kalfke, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil. Ele informou que os trabalhadores sequer foram ouvidos sobre as decisões do governo. "O frenesi é alto para privatizar sem discutir méritos", completou o presidente do Sina, Francisco Xavier de Lemos, para quem "apenas 15% dos passageiros do mundo preferem embarcar ou desembarcar em aeroportos privados".
03/09/2009
http://bit.ly/bEZI84
Veja também no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=UXsDDoa_LKA
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