Força Aérea argentina atuou em
“voos da morte” na ditadura
Método consistia em atirar inimigos ao mar e gerar pânico em opositores

Um ex-soldado acusou a Força Aérea da Argentina de ter realizado "voos da morte" durante a ditadura (1976-1983), que consistiam em atirar opositores de aviões ao mar. Os crimes tinham sido atribuídos até agora apenas à Marinha, disse nesta quinta-feira (24) uma fonte judicial.
A testemunha que relatou as operações da morte teve sua identidade mantida em sigilo.
- Os superiores nos diziam para transportar os detidos a uma distância em torno de 200 milhas e lançá-los mar adentro. Mas deixavam um ou dois sobreviverem, para que estes contassem a seus companheiros o que tinha ocorrido e o que os esperava.
Até agora, só eram conhecidos os casos de "voos da morte" realizados pelo pessoal da Marinha, divulgados no processo sobre os crimes de lesa-humanidade cometidos no campo de extermínio da Escola de Mecânica da Armada (ESMA), durante a ditadura argentina.
O ex-soldado depôs em um processo aberto em 2008 por conta da denúncia de Lorena Pacino, filha de um preso político cujo cadáver foi devolvido pela maré à costa atlântica da província de Buenos Aires.
Segundo a testemunha, os voos da morte ocorreram entre 1976 e 1978, quando "aviões Fokker saíam, davam uma volta e retornavam sem ter aterrissado".
Está praticamente provado que os responsáveis da Primeira Brigada Aérea de Palomar, pertencente à Força Aérea, participaram dos "voos da morte", afirmou a fonte.
Em 1995, o ex-capitão da marinha, Adolfo Scilingo, confessou ter participado desse método de extermínio. Ele foi condenado em 2005 na Espanha a 640 anos de prisão por crimes contra os direitos humanos, prisão ilegal e tortura durante a ditadura argentina.
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