domingo, 25 de julho de 2010

O Aeroporto Francisco Álvares de Assis em Juiz de Fora-MG


Fonte: TRIBUNA DE MINAS, 25/07/2010


Flávia Lopes
Repórter

O Aeroporto Francisco Álvares de Assis (em Juiz de Fora-MG), mais conhecido como Serrinha, fechou o primeiro semestre deste ano com total de passageiros embarcados 90% maior que o mesmo período de 2009. De janeiro a junho, 13.960 pessoas passaram pelo Serrinha, conforme dados da Sinart, empresa que administra o espaço (ver quadro). Em parte, os números são reflexos da maior oferta de voos que passaram de 536 no primeiro semestre de 2009 para 724 nos seis primeiros meses deste ano, um crescimento de 35%. No período avaliado, duas empresas (Trip e Pantanal) já operavam no espaço.

Apesar do crescimento, a cidade ainda sofre com a falta de oferta de voos (são cinco operações diárias) e, principalmente, com a incerteza dos passageiros, que não sabem se conseguirão chegar ao município na hora ou se terão condições de sair dele, em função dos constantes cancelamentos. Este ano, ainda conforme números da Sinart, 10,9% dos voos na cidade foram cancelados. Entre os motivos estão falta de teto, manutenção de aeronaves ou cancelamento em feriados devido à baixa demanda. No país, o índice médio, conforme a Infraero, é de 4,81%. Segundo o gerente do Aeroporto da Serrinha, Wilie Bahia, parte dos cancelamentos ocorreu em abril, devido à revitalização de aeronaves do Pantanal, logo após a aquisição da empresa pela TAM.

Para especialistas, no entanto, esta situação tem sido considerada um gargalo para o desenvolvimento mais efetivo do turismo de negócios na cidade. Segundo o presidente do Juiz de Fora e Região Convention & Visitors Bureau (JFRC&VB), Marco Antônio Menezes, Juiz de Fora tem perdido eventos por não ter um aeroporto com melhor infraestrutura. “No momento em que fazemos a captação, as pessoas questionam a carência de voos e também a inconstância de nosso aeroporto. Preferem não arriscar, pois muitos trazem palestrantes importantes, que são âncoras desses eventos.” Um exemplo recente que o presidente do Convention destaca foi o cancelamento do encontro do trade turístico local com o Ministro do Turismo, Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, que participaria de uma aula inaugural em Santo Dumont. “Houve toda uma mobilização do setor e ele acabou seguindo para São Paulo, pois não houve teto no Serrinha.”

Ele aponta a possibilidade de Juiz de Fora perder a oportunidade de ser uma das subsedes da Copa de 2014 devido à estrutura do aeroporto da cidade. “Esse é um fator impeditivo para que tenhamos uma delegação em nossa cidade, já que iremos receber toda uma equipe e precisamos de um aeroporto que receba aviões de grande porte.”

Entre os passageiros, o clima é de apreensão até o momento do pouso ou da decolagem. O presidente do Sindicato do Comércio (Sindicomércio), Emerson Beloti, diz já ter perdido três voos para Belo Horizonte este ano por conta da falta de teto. “Além de negócios, a cidade também perde a confiança e a identidade de ser uma cidade desenvolvida. As pessoas passam a pensar duas vezes antes de vir para cá e também de implantar seus negócios”, destaca. A fisioterapeuta Juliana Paiva Macedo também costuma ficar em alerta antes de chegar ou sair do Serrinha. “Uma vez tive que descer no Rio, pois não tinha teto em Juiz de Fora. E esse procedimento com criança é sempre mais complicado.”

Sistema de GPS reduzirá cancelamentos
Uma das alternativas que deverá reduzir em até 50% os cancelamentos devido à falta de teto na cidade é a instalação, no Serrinha, da navegação Area Navigation (RNAV), com funcionamento via GPS. Segundo o gerente do aeroporto, Wilie Bahia, implantação deverá ocorrer até abril do próximo ano.

De acordo com Bahia, equipes do Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) já mapearam o espaço para a liberação da cabeceira em direção ao Bairro Santo Dumont, com o novo tipo de navegação. “Em cada dez voos que hoje são cancelados, cinco teriam como chegar a 600 pés, que é a condição de teto.” O RNAV é uma exigência da Aeronáutica, que determinou prazo, até 2012, para que todos os aeroportos do país passem a contar com este sistema de navegação.

Melhorias
Ainda conforme Wilie Bahia, as obras no Aeroporto da Serrinha deverão ser concluídas até o próximo mês. As melhorias compreendem construção de sala de desembarque, com dois banheiros, esteira para malas e rampas de acesso para portadores de deficiência, além de mais dois sanitários na sala de embarque e fraldário nas unidades do hall de entrada. O projeto inclui, ainda, uma nova praça de alimentação, com mesas e cadeiras, e a colocação de cobertura próxima à pista para proteger as bagagens.

Empresas sondam novas rotas
As limitações e a vulnerabilidade do Aeroporto da Serrinha são reconhecidas pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Juiz de Fora, André Zuchi. No entanto, ele aponta que o sítio aeroportuário necessitaria de investimentos muito grandes para a ampliação do espaço e criação de condições para o recebimento aeronaves de grande porte.

“Seria necessário desapropriar grande parte do Bairro Santo Dumont, um custo extremamente alto. Mas, neste período, surgiu o Aeroporto Regional, que deverá entrar em operações em breve. Não vale a pena fazer grandes investimentos no Serrinha com essa perspectiva em médio prazo”, informou, sem apontar valores. Segundo Zuchi, a expectativa é que o Serrinha chegue a receber cinco mil passageiros/mês. “O barateamento das passagens vai fazer aumentar a demanda. Aguardamos novas rotas.”

O diretor da Multiterminais, empresa que administra o Regional, Ricardo Vega, aponta o transporte de passageiros como uma possibilidade para o espaço, apesar de ressaltar que o foco é o transporte de cargas. “Uma vez operando em condições excelentes de segurança, pode sim ser uma opção para os aviões de passageiros não só de Juiz de Fora, mas também de outros aeroportos próximos.”

“Com a revitalização da estrada, o Regional será uma alternativa mais rápida devido à sua distância de 40 km de Juiz de Fora. A eficiência será maior.”

Interesse
Uma das empresas que já teria manifestado interesse em operar em Juiz de Fora é a Laguna Linhas Aéreas, que já recebeu autorização da Anac e espera operar com 48 aeronaves, oferecendo cerca de 100 destinos em 14 estados, entre eles, Juiz de Fora. Segundo a assessoria da empresa, a companhia está aguardando as homologações da Anac para definir quais as possíveis rotas. Outra possibilidade para o Serrinha é a criação de voos para Cabo Frio, nos meses de férias, a partir de dezembro deste ano. Mas segundo o representante do Pantanal na cidade, Moacir Miranda, ainda não há definição sobre o novo destino.

A Trip também teria manifestado interesse em incluir uma nova rota para Belo Horizonte, na parte da manhã, segundo informações da gerência do Serrinha. A empresa, contudo, ainda não confirmou a informação.

Já a mudança de rota do Pantanal de Congonhas (distante 8 km do Centro de SP) para Guarulhos (distante 25 km do Centro de SP), a partir de 23 de agosto, acarretou em redução de preço nas passagens o valor mínimo passou de R$ 159 para R$ 139.

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