terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A ESCANDALOSA PRIVATIZAÇÃO DA AENA




Empresa pública rentável afundada deliberadamente para logo ser privatizada porque está desacreditada.

Este governo é um mestre da propaganda, conseguiu desviar magistralmente a atenção daquilo que se esconde por trás da confusão dos controladores de vôo, que nada mais é do que a espoliação de um setor vital do patrimônio dos espanhóis: os aeroportos.

Toda a balbúrdia dos controladores de voo está sendo uma enorme cortina de fumaça para que o povo espanhol não tome conhecimento do principal: a entrega dos aeroportos espanhóis a interesses privados.

Quando no final de 2009 o Ministro de Desenvolvimento iniciou sua campanha de descrédito em direção aos controladores de vôo, deu o tiro de partida para a privatização da AENA, Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea. Mas o governo já vinha preparando a jogada desde que chegou ao poder em 2004. Naquela época a AENA era uma empresa rentável, mas uma precipitada política de investimentos faraônicos gerou a atual dívida de quase 12,6 bilhões de Euros, 2,1 trilhões de pesetas. Por suposto nesse tempo todo temos sempre os mesmos beneficiando-se do "bolo", ou seja, imobiliárias e construtoras que tanto devem a seus amigos do governo.

Assim temos uma empresa pública rentável afundada deliberadamente para logo ser privatizada porque está desacreditada.

No dia 12 de janeiro de 2010, o Ministro de Desenvolvimento, José Blanco, em uma apresentação no Congresso afirmou que seria criada a sociedade estatal AENA Aeroportos SA, com abertura para o capital privado em percentual que não ultrapassaria os 30% de acionistas. Mentiu. Meses depois a realidade é que a entrada de capital privado na AENA é de 49% e não de 30% como disse o mentiroso Ministro no Congresso.

Outra das mentiras do Ministro relacionadas com a privatização da AENA se refere às tarifas de Navegação Aérea. Insistentemente, José Blanco disse que as tarifas de navegação aérea espanholas eram as mais altas da Europa devido ao salário dos controladores de voo, e que baixando os salários dos mesmos, as tarifas baixariam uns 15%. Pois a realidade volta a colocar como mentiroso o Ministro, já que em 2011 as tarifas aéreas na Espanha sobem apesar da redução dos salários dos controladores. A explicação do artifício propagandista do Ministro Pepiñocho é que as tarifas de rota espanholas eram as mais caras da Europa porque cobriam tanto o serviço de rota como o de aproximação, coisa que não ocorria em nenhum país europeu. As tarifas de rota em 2011 efetivamente baixam, mas o que não diz Pepiñocho é que as tarifas de Aeroporto sobem escandalosamente. Mas não é por acaso que sejam as tarifas de Aeroporto as que subirão enormemente, e sim que as empresas privadas que vão entrar nos aeroportos impõem ao governo tarifas altíssimas para tirar maior fatia do negócio. E o governo está encantado em servir a seus amos econômicos e em colocar a culpa nos controladores de voo para assim desviar a atenção do ardil; ardil vendido por Pepiñocho dizendo que baixariam muito os preços dos bilhetes aéreos, coisa que a massa desinformada engoliu.

Mesmo sendo gravíssimo o que foi dito até agora, o verdadeiramente escandaloso é que o governo que se diz "socialista e trabalhador" vai presentear os aeroportos espanhóis ao setor privado.

Inclusive, ainda que alguém possa estar equivocadamente a favor da privatização de todo o setor público, o que deveria ser lógico é que também estivesse a favor de fazê-la a um preço justo para os cofres do Estado, salvo que se defendam ocultamente interesses privados contra a nação, como ocorre com vários meios de comunicação, que sob seu fanático liberarismo ideológico o que realmente escondem é um trabalho para seus amos econômicos, os mesmos que os do governo.

A avaliação que faz o governo da empresa AENA oscila entre 12,3 e 18,2 bilhões de Euros. Esta cifra resulta de multiplicar o benefício bruto estimado (Ebidta) de 2010 (1,9 bilhão de Euros) por sete ou por dez. Que ninguém tenha a menor dúvida de que ao final a cifra se aproximará a 12 e não a 18 bilhões.

Mas analisando por alto a precipitada política de investimentos dos últimos anos podemos fazer uma idéia do "crime do colarinho branco" (nunca melhor dito) que vai ser cometido contra o povo espanhol. Vejamos uma lista não exaustiva de obras realizadas nos últimos anos em alguns dos aeroportos espanhóis:

Madrid-Barajas: 6.300 milhões

Barcelona-El Prat: 5.000 milhões

Baleares: 800 milhões

Andalucía: 1.200 milhões

Canarias: 3.000 milhões

Bilbao: 32 milhões

Valencia: 200 milhões

Alicante: 550 milhões

Málaga: 1.800 milhões

Galicia: 173 milhões (orçamento para 2011)

León: 80 milhões

Santander: 30 milhões

Burgos: 46 milhões

Huesca: 46 milhões

Somente estas obras somam 19,3 bilhões de Euros, e insistimos que são só as obras dos últimos anos, e nem sequer estão aí todas as obras nem todos os aeroportos. É um autêntico escândalo que o governo avalie o conjunto total da AENA entre 12 e 18 bilhões de Euros.

Para termos uma ideia do que pode significar um grande aeroporto em um país turístico como a Espanha, vejamos agora o impacto anual que tem o aeroporto de Madrid-Barajas na economia da Comunidade de Madrid. Segundo dados oficiais o PIB da Região de Madrid em 2009 foi de 189 bilhões de Euros e o aeroporto de Barajas representa 10% aproximadamente da economia da região, ou seja, 18,9 bilhões de euros anuais na economia madrilenha. Vendo estas cifras, vender toda a AENA por somente 12 - 18 bilhões de Euros é uma verdadeira espoliação ao povo espanhol.

A próxima vez que o Ministro de Desenvolvimento, José Blanco, ou qualquer outro dos membros do governo ou dos meios de comunicação queiram doutriná-lo ou convencê-lo sobre como são demoníacos os controladores de voo, pense em todas as cifras oficiais e argumentos, aí então é possível que veja que o que se esconde atrás de tudo são enormes interesses econômicos, os quais necessitam eliminar do contexto um "bicho" incômodo que é o sinônimo de controladores de voo.

Na França, há uns poucos anos, foi privatizada a France Telecom e a consultoria que esteve por trás da perseguição trabalhista a que foram submetidos os trabalhadores, se chama McKinsey. O resultado da privatização foi que dezenas de trabalhadores se suicidaram. Você sabe qual é a consultoria que está assessorando o "governo da Espanha socialista e dos trabalhadores" para destruir os controladores de voo?, Se respondeu McKinsey acertou. Quantos suicídios de controladores necessita o povo espanhol para saciar sua sede de sangue? O governo e a McKinsey ficarão encantados em oferecer muitos.

Fonte: Revista Aviação Notícias (http://aviacionoticias.crearblog.com/?p=265)

By ANEI

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