quarta-feira, 7 de julho de 2010

OPERAÇÃO TRACAJÁ III

A intensa movimentação de tropas e aeronaves deixou curiosa a população de Imperatriz (MA). Entre os dias 23 e 30 de junho, os aviões do Primeiro Esquadrão de Transporte Aéreo (1º ETA), sediado em Belém (PA), iniciaram as missões na “Operação Tracajá III”, que deflagrou uma guerra simulada com 85 militares e cinco aeronaves (dois C-95 Bandeirante, dois C-98 Caravan e um C-97 Brasília) com o objetivo de preparar pilotos, mecânicos e aeronavegantes para cumprirem missões de transporte aéreo logístico e de transporte aéreo em ambiente hostil.

Com o objetivo de inserir o exercício militar em um cenário mais próximo de uma situação de emprego real, foi ativada a Força Aérea 211 para comandar um combate simulado entre países inimigos, cuja função do 1º ETA era exercer missões de infiltração e exfiltração aérea, ressuprimento aéreo de tropas, ligação de Comando, observação, apoio e evacuação aeromédica além das linhas inimigas.

Para cumprirem estas missões, foram realizados treinamentos reais de tráfego “Race Track” com lançamento de bordo (LB); navegação a baixa altura (NBA) com lançamento de bordo na hora sobre o objetivo (HSO) individual e em formação tática; voo em formação empregando formatura cerrada; pouso noturno com balizamento tático de emergência; instrução de pouso em pista não preparada; missões de manutenção operacional e de formação e readaptação de pilotos nas aeronaves C-95 Bandeirante e C-97 Brasília.

O Comandante do 1º ETA, Tenente-Coronel Aviador Max Luiz da Silva Barreto, explica que este exercício visa capacitar a Força Aérea para o cumprimento de sua missão constitucional de defesa do país, promovendo o aperfeiçoamento operacional e o preparo do efetivo para o pronto-emprego, contribuindo sobremaneira para o progresso coletivo dos militares do Esquadrão, que tem a oportunidade de realizarem treinamento real de simulação de guerra.

“A Operação Tracajá III consiste, basicamente, em missões de voo em formação e de circuitos de navegação a baixa altura com desvios de rota de forma a evitar o raio de alcance de baterias antiaéreas identificadas, com lançamento de cargas com pára-quedas ao final da navegação para simular o ressuprimento aéreo de tropas terrestres além das linhas inimigas, devendo, após o lançamento, evadir de forma rápida para buscar a cobertura do terreno. Destarte, o objetivo é preparar o efetivo com instruções e exercícios práticos no ar e no solo para manter o alto grau de operacionalidade de todos os militares envolvidos nas missões de transporte, sejam eles pilotos, mecânicos, comissários etc.”, esclarece.

Além de todo o ganho operacional nas missões de voo propriamente ditas e de manutenção das aeronaves para que funcionem em perfeito estado e possam estar disponíveis quando for necessário, manobras deste tipo também habilitam o Esquadrão para operar fora de sede, treinando toda a sua capacidade de mobilização, montagem de infraestrutura, coordenação e desmobilização. “Operar em outra cidade possibilita aperfeiçoar os procedimentos de confecção e tramitação segura de documentos, ordens e relatórios, essenciais para o sistema de Comando e Controle exercido pelo Estado-Maior do Primeiro Comando Aéreo Regional (I COMAR) – unidade militar a qual o 1º ETA está subordinado –, que, de sua sede em Belém, planejou a condução das operações aéreas e o enlace dos dados de comunicação, assegurando o fluxo seguro de informações, fundamentais para a condução e manutenção do combate”, explicou o Chefe do Estado-Maior do I COMAR, Coronel Aviador Carlos Edir de Almeida Sobreira.

O 1º Tenente Aviador César Duarte Ramalheiro Júnior confessa que aguardava ansiosamente o início da operação, pois é nela que os pilotos podem vivenciar na realidade o clima de um combate. “Quando estamos em sede, buscamos sempre treinar com o pensamento de nos prepararmos para uma situação de conflito. Mas quando estamos em manobra, num clima totalmente diferente, isso se torna mais real. A interação entre todos os militares acontece naturalmente. Quando estamos na aeronave para lançar algum fardo, por exemplo, deve haver a sintonia total entre os cinco tripulantes para que a carga seja lançada no ponto certo e no momento exato. Enquanto um piloto fica responsável pela condução do avião, o outro calcula o tempo, o navegador vetora o avião para aproximar do alvo, um mecânico monitora os equipamentos de segurança e outro executa o lançamento.

Esta sincronia só é possível com muito treinamento. E isso é facilitado quando operamos fora de sede, onde há maior integração entre todos os militares e suas funções, sejam elas no solo ou no ar”, argumenta.

O 2º Sargento de Manutenção Marlos Auderi Silva Bispo, responsável por lançar as cargas do avião, função conhecida como interfone, explica que são apelidados de “chutadores” por terem de fazer o gol, acertando a carga no alvo. Segundo Bispo, para ser chutador é necessário fazer um curso de sete dias para aprender aspectos teóricos e práticos da legislação que trata do tema, como posicionamento dentro da aeronave, regras de segurança, fraseologia e códigos de comunicação entre tripulantes. “Muitos pensam que ficar na porta do avião e lançar a carga é muito fácil, não exigindo pouco mais do que coragem. Mas na realidade é uma tarefa bem complicada. O mais difícil nesta função é adequar o momento exato da ordem do navegador e o tempo de saída da carga. Cada segundo de atraso pode representar um erro de 60 a 100 metros do alvo em função da velocidade do avião e do tipo de pára-quedas. Para podermos assumir esta missão, somos obrigados a realizar 23 lançamentos para sermos credenciados. Nesta operação, três mecânicos aumentaram seu número de “chutes” e cinco foram readaptados, realizando excelentes “chutes” com grande margem de sucesso”, comemora.

Nos sete dias de missão foram lançados 6.900 quilos de carga, foram realizados 12 voos de navegação à baixa altura, dez pousos de assalto em pista curta não preparada, 16 pousos noturno com balizamento tático de emergência, 13 voos de formatura, nove adaptações e readaptações em voo noturno e seis voos locais com crianças carentes do projeto Bombeiros Mirins.

Imperatriz

A escolha da cidade de Imperatriz se deu pelas excelentes condições que reúne para o exercício militar. Além de estar situada numa área estratégica onde a FAB instalou uma Unidade de Vigilância do SIVAM, de fundamental importância para o efetivo controle e vigilância do espaço aéreo brasileiro; a proximidade de Belém; o baixo movimento no aeroporto, que possibilita a economia de combustível pela rápida autorização de pousos e decolagens; o clima quente e seco; o apoio I COMAR e do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), por meio do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Imperatriz (DTCEA-IZ); da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA); da Base Aérea de Belém (BABE); do Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão; da Prefeitura e de toda a população, a fizeram com que a cidade fosse escolhida pela terceira vez, repetindo o sucesso absoluto que a consagrara em 2007, quando se iniciou a operação.

Fonte: I COMAR

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